Madonna vai sacudir o Brasil, e o rock vem incendiando os cinemas
Wagner Moura na linha de frente da segunda guerra civil americana
Estrelas do POP nos cinemas
No Brasil, só se fala em uma coisa: o show da Madonna. Depois de 12 anos sem pisar em solo brasileiro, a rainha do pop causou ao anunciar a apresentação gratuita da The Celebration Tour na praia de Copacabana. Mas vamos combinar que o país ultimamente tem vivido grandes emoções com as estrelas internacionais, né? No ano passado, Beyoncé levou os fãs à loucura ao aparecer de surpresa em Salvador, e Taylor Swift com a apresentação de sua turnê no Rio de Janeiro e em São Paulo. E, se os palcos não têm sido suficientes pros espetáculos dessas duas grandes artistas, o cinema veio como um superaliado. As exibições dos filmes de Queen B e da lourinha faturaram mais de US$ 200 milhões, o que deixa claro que os cinemas são um palco atraente e lucrativo pras estrelas do pop.
DO POP AO ROCK
O TRAZ A PIPOCA gira o dial e muda de estação pra falar do nosso podcast, que, nesta edição, se dedica a um filme sobre a história da rádio que lançou o rock brasileiro: a Fluminense FM, a “Maldita”. O episódio dedicado a “Aumenta Que É Rock ‘n’ Roll” conta com a participação especial do ator Johnny Massaro, que fala sobre o longa, a carreira e sua incursão na direção.
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O ROCK NO CINEMA
Cinema e rock ‘n’ roll foram feitos um pro outro. Dá pra entender que esse é um casamento perfeito quando se pensa que imagens em movimento são como pedras que rolam e não criam limo.
Elvis Presley, o Rei do Rock, provou que era um ator de verdade em “O Prisioneiro do Rock and Roll” (1957), filme em que ele canta e dança no icônico número musical “Jailhouse Rock”. Já os Beatles registraram sua verve criativa em longas como “Os Reis do Iê-Iê-Iê” (A Hard Day’s Night” (1964) e “Help!” (1965), comédias musicais com um quê de aventura em que os quatro rapazes de Liverpool vivem versões leves e divertidas de si mesmos. Curiosamente, em “O Sargento Pepper e Sua Banda” (1978), clássicos dos Beatles foram interpretados por grandes nomes da música, como Alice Cooper, Peter Frampton e os Bee Gees. Aerosmith e Earth, Wind & Fire, por exemplo, incorporariam oficialmente aos seus repertórios hits do calibre de “Come Together” e “Got to Get You Into My Life” respectivamente.
Épico religioso? Temos!
Muitos falam de “A Última Tentação de Cristo” (1988), mas uma das versões mais empolgantes dessa passagem bíblica é a ópera rock “Jesus Cristo Superstar” (1973), baseada no musical de Andrew Lloyd Webber (“O Fantasma da Ópera”), com libreto e letras de Tim Rice (“O Rei Leão”). O gogó de Ted Neeley permite a Jesus pregar em agudos poderosos, e ele é muito bem ancorado pelo Judas de Carl Anderson e pela Maria Madalena de Yvonne Elliman, que emplacaria mais tarde o sucesso “If I Can’t Have You” na trilha de “Os Embalos de Sábado à Noite” (1977).
Da década de 1970, também tenho que destacar a adaptação do musical teatral de Richard O’Brien, “The Rocky Horror Picture Show” (1975). Trata-se de uma paródia irresistivelmente bizarra de ficção científica e terror, com Susan Sarandon e Tim Curry como o inesquecível Frank-N-Furter, cientista transexual da Transilvânia. Essa produção se tornaria cult, sendo exibida por décadas nos mesmos cinemas. Até hoje, fãs se caracterizam como alguns dos personagens e reencenam momentos marcantes da trama durante as sessões.
Não dá pra deixar de fora dessa breve lista “Tommy” (1975). Essa ópera rock do The Who reuniu participações incríveis. Eric Clapton fez um pregador, Tina Turner encarnou a Rainha do Ácido, e Elton John roubou a cena como o Mago do Fliperama cantando a versão definitiva de “Pinball Wizard”.
Estrelas no rock
“Rock of Ages” (2012) é uma verdadeira jukebox audiovisual, com elenco estelar interpretando clássicos do rock. Os destaques vão para Catherine Zeta-Jones, que se apossou do sucesso de Pat Benatar, “Hit Me With Your Best Shot”, e Tom Cruise, que fez valer sua preparação de cinco horas diárias pra dar conta de canções como “Wanted Dead or Alive”, de Bon Jovi, que cantou em dueto com a atriz Julianne Hough.
Anos depois, “Bohemian Rhapsody” (2018) contou a história da lendária banda Queen e reproduziu com perfeição a apoteótica apresentação do grupo no Live Aid, em 1985. Rami Malek ganhou o Oscar® de Melhor Ator por sua composição de Freddie Mercury. Ele não cantou sozinho. Sua voz foi mixada à do próprio líder do Queen e à do cantor canadense Marc Martel.
Já Taron Egerton não foi indicado a um prêmio da Academia, mas brilhou de ofuscar em “Rocketman” (2019), misto de fantasia musical e cinebiografia de Sir Elton John produzida pelo próprio. Taron cantou de verdade todas as músicas e apresentou uma performance impecável ao representar um dos astros mais extravagantes do rock.
ESTREIAS DE MAIO
VALE A PENA VER “GUERRA CIVIL”?
Um sinal de alerta em forma de filme
Sucesso nas bilheterias americanas e elogiado pela crítica, “Guerra Civil” é, nas palavras de seu diretor e roteirista, Alex Garland, uma “alegoria de ficção para a nossa atual situação polarizada”. É um filme político que não toma partido, mas assusta em sua projeção do que seria um cenário em que tal polarização saísse do controle e rumasse para o caos. Lembrando que Garland é dono da imaginação perturbadora e prodigiosa que nos deu petardos cinematográficos como “Ex Machina”, “Aniquilação” e “Men: Faces do Medo”.
Tudo de novo no front
“Guerra Civil” acontece num futuro próximo, em que os Estados Unidos se veem fraturados. Existe uma aliança entre a Califórnia e o Texas contra um contingente de militares que apoia um presidente belicoso, de cores trumpistas, no ótimo desempenho de Nick Offerman.
Em seu décimo projeto internacional, Wagner Moura tem grande destaque no papel de Joel, repórter que integra uma equipe de quatro correspondentes de guerra com Lee, a fotógrafa consagrada vivida por Kirsten Dunst; Jessie, sua fã e novata nos cliques, papel de Cailee Spaeny (“Priscilla”); e Stephen McKinley Henderson na pele de Sammy, um jornalista veterano. Essa equipe vai tentar cruzar o país até a Casa Branca para cobrir a derrocada do governo antes que o presidente seja executado. Tal missão coloca o grupo em risco, já que os Estados Unidos viraram palco de vários conflitos armados.
Do micro ao macro sem perder a força
A narrativa é tensa, e o suspense vai fazendo você temer pelo destino daqueles membros da imprensa que, para serem as testemunhas oculares da História, se metem no meio dos combates, ombro a ombro com os soldados. A escalada de violência cresce até alcançar dimensões épicas. Não faltam ótimas cenas de guerra, garantidas pelo orçamento de US$ 50 milhões que fez de “Guerra Civil” o filme mais caro da prestigiada produtora A24.
Está aí um blockbuster eletrizante que também faz pensar neste momento explosivo que antecede as eleições americanas e suas ameaças extremistas. O filme incentiva o diálogo e o furo das bolhas, mostrando que a palavra pode e deve ser mais forte que o fogo.