O SUCESSO DOS FILMES TENEBROSOS E GRANDES EVENTOS CINEMATOGRÁFICOS
O TERROR NUNCA ESTEVE TÃO EM ALTA
Parafraseando Lulu Santos, o terror no cinema “vem em ondas como um maaaaaar, num indo e vindo infinito”. Pois é, estamos surfando um verdadeiro tsunami. Filmes do gênero vêm assombrando as salas do circuitão com a onipresença de fantasmas em uma casa mal-assombrada ou o apetite de zumbis em busca de um cérebro fresquinho.
A variedade de tons e a capacidade de reinvenção de algumas franquias têm sido impressionantes. Aqui vão alguns exemplos bem recentes.
Pavores no atacado e no varejo
Inventivo e perturbador, “Fale Comigo” mostra um grupo de amigos usando a mão embalsamada de um médium para entrar em contato com espíritos. A galera vive se entregando a essa experiência com a fissura de viciados em drogas, até que a “brincadeira” foge ao controle.
Já “Drácula: A Última Viagem do Deméter” se centra em um único capítulo do livro de Bram Stoker que conta a travessia marítima do conde, da Romênia para a Inglaterra. Na pele do rei dos vampiros, está o espanhol Javier Botet. Ele apresenta a versão mais animalesca que já se viu do personagem nesse filme que foi descrito pelo próprio diretor, André Øvredal, como uma espécie de “Alien, o Oitavo Passageiro” em um navio no ano de 1897. Sim, com o Drácula no lugar do xenomorfo de sangue ácido.
E “O Jogo da Invocação” traz Natalia Dyer (“Stranger Things”) e Asa Butterfield, o Hugo Cabret do filme de Martin Scorsese, em uma trama sobre adolescentes que descobrem uma faca amaldiçoada que liberta um demônio. A entidade os força a embarcar em versões apavorantes de jogos infantis.
Franquias renovadas
Criador de “A Morte do Demônio”/“Evil Dead”, Sam Raimi (“Arraste-Me para o Inferno”) voltou a se envolver com esse mundo sombrio em “A Morte do Demônio: A Ascensão”, que deslocou, do campo para a cidade, a história de demônios conjurados por um livro maldito. A atriz Alyssa Sutherland é um assombro em forma de gente.
Já o ator Patrick Wilson estreou na direção com “Sobrenatural: A Porta Vermelha”, novo filme da franquia sobre a família Lambert, que vive sendo acossada por demônios insidiosos. Wilson é um dos astros dessa cinessérie produzida por James Wan e escrita por Leigh Whannell, os nomes por trás de “Jogos Mortais”.
Aliás, Wan também tem um dedo em “A Freira 2”, que faz parte do universo de “Invocação do Mal”, arquitetado por ele. É sobre o segundo round do embate entre a irmã Irene (Taissa Farmiga) e o demônio Valak (Bonnie Aarons).
De “Halloween” para “O Exorcista”
Depois de revigorar a franquia do assassino mascarado Michael Myers, o diretor e roteirista David Gordon Green entrega uma continuação direta do clássico do horror de 1973. Ele conta, inclusive, com a veterana Ellen Burstyn, que volta ao papel de Chris MacNeil. Há 50 anos, Chris viveu a tragédia de ver sua garotinha possuída por um demônio. Agora ela vai usar sua experiência para lidar com o caso de duas jovens encapetadas.
Será que o gênero horror vai realmente recuperar o respeito que já teve?
Filmes de horror já frequentaram com grande pompa a maior festa do cinema. “O Exorcista” original, dirigido por William Friedkin (“Operação França”), recebeu 10 indicações ao Oscar®, incluindo o prêmio de Melhor Filme! Isso mesmo, Melhor Filme! E ainda emplacou indicações para três de seus intérpretes (Ellen Burstyn, Jason Miller e Linda Blair). No entanto, a produção só ganhou as estatuetas de Roteiro Adaptado (William Peter Blatty transpôs seu próprio best-seller para a telona) e Som, que é, de fato, algo de outro mundo.
Só para se ter uma ideia, o longa supostamente aproveitou a sonoplastia de rituais de exorcismo de verdade, e o trabalho da atriz Mercedes McCambridge, que faz a voz do demônio, é infernal de tão bom. O filme também triunfa por cercar de realismo sua primeira parte, que chega até a parecer um documentário. E, quando os elementos sobrenaturais entram em cena com tudo, o público já está completamente… possuído.
Se quiser saber mais sobre o assunto, clique no link abaixo e confira esta edição do podcast “Traz a Pipoca”, com Bruna Scot e Moisés Liporage recebendo os apresentadores do Canal Trasheira Violenta, Oswaldo e Karina, para um papo sobre a força do cinema de horror.
Escute o episódio aqui.
5 Livros para fãs de filmes de terror
Desvende os segredos por trás de produções horripilantes - por DarkSide Books
O cinema de terror — assim como o cinema em geral — vez por outra cruza seus caminhos com a literatura. Muitos dos clássicos do gênero vieram de livros que foram adaptados para as telonas, como é o caso de Psicose, Tubarão e O Bebê de Rosemary.
Mas os livros não são apenas uma maneira de dar origem a produções horripilantes. O caminho inverso também ocorre, com obras de pesquisadores e entusiastas que expandem o universo da sétima arte.
A DarkSide® Books é apaixonada pelo terror em todas as suas formas, e traz alguns livros que são perfeitos para os fãs do gênero. Você tem coragem de encarar essas leituras?
1. O Exorcista: Segredos e Devoção, de Mark Kermode
O Exorcista: Segredos e Devoção é a edição definitiva para aficionados e colecionadores, assinada pelo icônico crítico de cinema Mark Kermode. Um livro completo com segredos da produção, detalhes das filmagens, entrevistas, imagens e todas as histórias curiosas e inquietantes dos bastidores do clássico de 1973. O livro traz ainda entrevistas com o diretor William Friedkin e o autor do romance, William Peter Blatty, que também produziu o filme e assinou o roteiro.
2. Anatomia True Crime dos Filmes, e Harold Schechter
O que filmes tão diferentes entre si, como Psicose, O Silêncio dos Inocentes e O Massacre da Serra Elétrica têm em comum? Todos eles foram inspirados por histórias verídicas (e pelo mesmo assassino). Em Anatomia True Crime dos Filmes, o historiador Harold Schechter perfila psicopatas, assassinos em série, gângsteres, sádicos, linchadores e jovens atiradores de escolas que chocaram o mundo e influenciaram obras clássicas do cinema mundial.
3. Halloween: O Legado de Michael Myers, de Dustin McNeill e Travis Mullins
Esse é o guia definitivo sobre Haddonfield e seus habitantes. Halloween: O Legado de Michael Myers é repleto de entrevistas reveladoras, e fala sobre as origens, inspirações, retornos, curiosidades obscuras, trilha sonora incomparável, cenas deletadas, versões alternativas, ideias descartadas, interferências dos estúdios, testes de elenco, reinvenções, críticas e muito mais. Uma celebração do melhor de Halloween, honrando o seu legado para as produções slashers.
4. A Dama e a Criatura, de Mallory O’Meara
Foi das mãos delicadas e da mente genial de Milicent Patrick, maquiadora e artista de efeitos especiais, que O Monstro da Lagoa Negra ganhou vida e tomou as telas de todo o mundo. Só que a atenção que ela recebeu pelo trabalho fez com que seu nome fosse retirado dos créditos e esquecido pela história. Em A Dama e a Criatura, a roteirista e produtora Mallory O’Meara une os fragmentos da história de Milicent Patrick para colocar a artista em seu lugar de direito: o de pioneira na indústria cinematográfica de horror.
5. Tom Savini: Vida Monstruosa, de Tom Savini e Michael Aloisi
Todo fã de terror já ouviu seu nome. Todo fã de terror já teve pesadelos com seus monstros. Tom Savini é um gênio dos efeitos especiais por trás de produções horripilantes como Despertar dos Mortos, Sexta-Feira 13 e Creepshow. Tom Savini: Vida Monstruosa é sua biografia oficial, com mais de 400 fotos e narrada na voz única do bem-humorado Savini. A obra traz tudo o que o fã de terror poderia esperar: histórias de bastidores, comentários sobre a indústria, curiosidades e muito gore.
JOGOS MORTAIS X - O QUE ACHAMOS
Por incrível que pareça, “Jogos Mortais X” consegue surpreender, apresentando uma estrutura diferente dos outros filmes da franquia. Cronologicamente situada na fase inicial dessa série cinematográfica, a parte 10 mostra John “Jigsaw” Kramer (Tobin Bell) desenganado pelos médicos em razão de seu caso gravíssimo de câncer no cérebro. Como só tem alguns meses de vida, ele decide procurar um tratamento alternativo no México que envolve um coquetel de drogas proibido nos Estados Unidos e uma cirurgia bem complexa. Com a esperança renovada, ele segue para lá.
E qual não é sua decepção quando descobre que tudo não passa de um golpe?
Novas regras num terror de fôlego olímpico
As diferenças entre esse filme e os demais já começam por aí. Kramer é o protagonista, e não o antagonista. O filme narra seu projeto de vingança pessoal, que ele diz que não se trata de retaliação, mas sim de um despertar para quem o prejudicou. Então o moribundo com a criatividade mais mórbida que já se viu nas telas usa tudo o que sabe para mostrar àquele bando de vigaristas que não se deve brincar com a vida alheia.
As armadilhas não são as mais elaboradas da franquia, mas o filme ganha pela nova dinâmica, quando sabemos muito bem o que cada um dos candidatos aos suplícios mortais fez para merecer estar ali. Não é preciso parar a história para ficar contextualizando tudo com flashbacks.
A humanidade de Jigsaw
Amanda (Shawnee Smith) está de volta, e agora temos uma visão mais aprofundada do relacionamento entre Kramer e sua ex-vítima. Quem acompanha a saga lembra que a moça sobreviveu a uma das armadilhas no primeiro filme e foi promovida à discípula, criando um laço afetivo com o antigo algoz, que tem algo de paternal.
E ainda conhecemos um lado emotivo que humaniza John Kramer de um jeito surpreendente e desconcertante, o que nos dá a chance de testemunhar como esse Tobin Bell é bom ator. Ele investe na economia de expressões, com o menos sendo muito mais.
“Jogos Mortais X” mergulha mais fundo na alma de um homem que não é exatamente um psicopata. É só um sujeito amargurado, desesperado, com um senso torto de moral, que enxerga o que faz como uma espécie de coaching do tipo “Vou te ensinar a dar valor ao que você tem”.
O temível vilão vira oficialmente um anti-herói.
PRÓXIMAS ESTREIAS
EVENTOS CINEMATOGRÁFICOS
Neste mês, o que não faltam são opções supermaneiras de eventos e festivais sobre cinema. Se liga só nestas dicas:
Festival do Rio
A 25a edição de um dos principais eventos sobre cinema da América Latina acontecerá entre 5 e 15 de outubro. Serão apresentados 80 títulos nacionais e 120 internacionais. Pela primeira vez, o festival terá uma pré-estreia com filmes ao ar livre, que serão exibidos no famoso Boulevard Olímpico. A praia de Copacabana e a Biblioteca Nacional também farão parte desse circuito.
Para ficar por dentro de toda a programação, é só clicar neste link. (
https://www.festivaldorio.com.br
Vibra Open Air
O maior cinema ao ar livre do mundo está de volta ao Jockey Club do Rio de Janeiro. Conhecido pelo telão que levanta com um sistema envolvente de som surround, o Vibra Open Air conta com shows, festas e muita comida boa. Aí, sim, né? A programação traz filmes superamados pelo público: “Barbie”, “O Auto da Compadecida”, “Casablanca” e muitos outros sucessos. O evento será de 4 a 22 de outubro.
Confira a programação completa:
https://www.openairbrasil.com.br
Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
A 47a edição da Mostra São Paulo exibirá uma retrospectiva em homenagem à obra do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. A programação também vai contar com restaurações de Jacques Rivette e Manoel de Oliveira, além de clássicos dirigidos por Pedro Costa, Emir Kusturica e o brasileiro Rosemberg Cariry. A cereja do bolo é o filme superaguardado pelo público “Maestro”, dirigido por Bradley Cooper e que traz a história do compositor americano Leonard Bernstein. A Mostra São Paulo acontece entre 19 de outubro e 1o de novembro.
Para mais informação, é só acessar o link: https://linktr.ee/mostrasp